Alerta aos pais bullying e ciberbullying


O bullying é uma forma de violência já identificada e associada à violência escolar, que toma agora novos contornos ao manifestar-se através das novas tecnologias. O fenómeno está a crescer e é necessário ficar alerta.


O bullying são actos premeditados e repetidos de violência, praticados normalmente entre pares.


Este tipo de atitudes acontecem frequentemente nas escolas mas, na maior parte das vezes, são ignoradas e admitidas como normais.



Com a implementação das novas tecnologias, este fenómeno descobriu uma nova faceta: o cyberbullying, um tipo de violência “sem rosto”, como classifica a psicóloga clínica Ana Filipa Silva, durante uma palestra sobre o tema, em Tavira.


Ana Filipa Silva explica ao Observatório do Algarve que a violência com recurso às novas tecnologias, principalmente a Internet, está a crescer e pode afectar significativamente a vida das pessoas, principalmente jovens e adolescentes que, em alguns casos, se refugiam no mundo virtual para combater a solidão da vida real.



O facto de o acto de violência, que pode ser praticado através de deturpação de imagens, vídeos, sons, etc., ser visto por milhares de pessoas em todo o mundo e de não ser possível, na maioria das vezes, identificar o agressor “tem uma gravidade enorme”.



O papel dos pais é fundamental


“Os pais têm um papel extremamente importante em termos de medidas preventivas. Essencialmente, não podem desresponsabilizar-se do seu papel enquanto pais”, defende a psicóloga que aconselha a um acompanhamento atento por parte dos progenitores/educadores no que respeita aos amigos virtuais e reais, actividades e preocupações dos filhos.


“Muitas vezes o que acontece é que a criança acaba por se sentir demasiado só e vai encontrar os tais ‘amigos’ na Internet, que vão ganhando a sua confiança e, de alguma maneira, vão utilizar essa confiança para mais tarde intimidar, para violar, para uma série de outras situações”, alerta.



Medo de denunciar e um passo em frente para o suicídio


O medo de denunciar o agressor é o mais comum, ou por recear represálias por parte da família ou por acreditar que o agressor também vai fazer mal aos entes queridos. A vítima opta, na maioria das vezes por sofrer em silêncio.


O agudizar da violência tem as suas consequências: mau estar físico, mau estar psicológico e uma série de outros problemas associados.


No limite este tipo de situações pode levar ao suicídio. Segundo Ana Filipa Silva “segundo estudos, considera-se que 30 por cento dos suicídios cometidos por jovens, têm a ver com fenómenos de violência escolar.


Reconhecer uma vítima de bullying


Existem sinais de alerta que podem ajudar a identificar quando uma criança ou adolescente está a ser vítima de violência, todavia “é importante não generalizar”, sublinha Daniela Machado, psicóloga clínica.


A criança mostrar-se assustada em ir ou regressar da escola, não ter vontade de ir para a escola, começar a apresentar um fraco rendimento escolar, isolar-se, gaguejar, surgir regularmente com livros e roupas destruídas, deixar de comer, chorar com facilidade, mostrar angustia, tornar-se agressiva, o dinheiro/ economias “desaparecerem” e ter medo de contar o que se está a passar são alguns dos sinais a ter em conta.


Fenómeno é transversal


Qualquer um pode ser vítima de bullying. A faixa etária, o grau de ensino e o estrato social não são factores determinantes: há vítimas e agressores de todos os géneros e feitios.


Segundo Ana Filipa Silva e Daniela Machado os agressores, por norma, são crianças que não recebem muita atenção por parte dos pais e, muitas vezes, são eles próprios vítimas de agressão.

Quanto às vítimas, há uma tendência para encarar o fenómeno como uma coisa normal existindo casos em que “os pais culpabilizam o agressor, mas também pode haver pais que culpabilizam o próprio filho”, explica Daniela.

Estas psicólogas defendem um acompanhamento firme por parte dos pais em relação aos filhos, sem nunca descurarem as questões de afecto. É importante que conheçam os próprios filhos e que façam parte da vida deles. No que respeita aos adolescentes, há que fomentar o diálogo para compreendê-los.

“Regras firmes, amor de qualidade”, concluem as psicólogas como a formula para um crescimento saudável sem vítimas e agressores.

As psicólogas falaram com o Observatório do Algarve à margem da acção de sensibilização sobre bullying – “Violência e agressividade em contexto escolar”, no espaço Crescendum, em Tavira.


by:Inês Correia
publicado Fonte: Observatório do Algarve 20-04-2008

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