Depressão


“Um túnel do qual parece impossível sair; um abismo cinzento que engole a vontade de viver; o vazio, a angústia que aperta a garganta; uma solidão sem fim.” A depressão tem muitos nomes e todos desagradáveis"

O QUE É A DEPRESSÃO?

A depressão é uma doença mental que se caracteriza por tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por actividades habitualmente sentidas como agradáveis e perda de energia ou cansaço fácil.
Ter sentimentos depressivos é comum, sobretudo após experiências ou situações que nos afectam de forma negativa. No entanto, se os sintomas se agravam e perduram por mais de duas semanas consecutivas, convém começar a pensar em procurar ajuda.
A depressão pode ser episódica, recorrente ou crónica, e conduz à diminuição substancial da capacidade do indivíduo em assegurar as suas responsabilidades do dia-a-dia. A depressão pode durar de alguns meses a alguns anos. Contudo, em cerca de 20 por cento dos casos torna-se uma doença crónica sem remissão. Estes casos devem-se, fundamentalmente, à falta de tratamento adequado.
As crises depressivas são mais frequentes no Inverno e no Outono, notando-se uma certa melhoria na Primavera. Estas fases alternadas parecem ser condicionadas pelos níveis variáveis de algumas hormonas no sangue, durante o dia e as estações do ano, relacionadas sobretudo com a mudança da luz., “o fiel da balança” nesta situação parece ser a melatonina, uma hormona produzida pela hipófise (que se situa numa zona profunda do cérebro), cuja produção é influenciada pela quantidade de luz que chega à retina, a membrana que reveste a parte interna do olho.

FREQUÊNCIA

A depressão é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes, inserida nas perturbações do humor .- Pensa se que uma em cada quatro mulheres e um em cada dez homens, podem vir a ter crises depressivas durante a vida
A depressão não faz distinção de culturas nem classes sociais. Atinge tanto ricos como pobres. E não poupa ninguém: homens, mulheres, até crianças
A depressão encontra-se reconhecida no Plano Nacional de Saúde 2000-2010 como um problema primordial de saúde pública.

SINTOMAS DA DEPRESSÃOA depressão não deve ser confundida com sentimentos de alguma tristeza de «estar em baixo» ou «desmoralizado», os quais são geralmente reactivos a acontecimentos da vida, (tristeza reactiva), que passam com o tempo e que, geralmente, não impedem a pessoa de ter uma vida normal.
Na depressão, os sintomas tendem a persistir durante certo tempo e podem incluir, em combinações variáveis, os seguintes:
· Sentimentos de tristeza, vazio e aborrecimento;
· · Sentimento de culpa, de auto-desvalorização e ruína, que podem atingir uma dimensão delirante;
· Diminuição da energia, fadiga e lentidão;
· Perda de interesse e prazer nas actividades diárias;
- Sentimentos de inutilidade, de falta de confiança e de auto-estima, sentimentos de culpa e sentimento de incapacidade;
- Sensações de irritabilidade, tensão ou agitação;
· Sensações de aflição, preocupação com tudo, receios infundados, insegurança e medos;
· Perturbação do apetite, do sono com sonolência ou insónia, diminuição do desejo sexual e variações significativas do peso;
-Preocupação com o sentido da vida e com a morte;
· Pessimismo e perda de esperança;
· Alterações da concentração, memória e raciocínio;
· Sintomas físicos não devidos a outra doença (ex. dores de cabeça, perturbações digestivas, dor crónica, mal-estar geral);
· Ideias de morte e tentativas de suicídio.
Estes sintomas perturbam significativamente o rendimento no trabalho, a vida familiar e o simples existir do doente, que sofre intensamente.

Os factores e risco?

Consideram-se predispostas a crises depressivas:
· Familiares de doentes depressivos ou com outras patologia do humor
· Pessoas com história depressiva no passado;
· Mulheres – género em que a depressão é mais frequente, ao longo de toda a vida, mas em especial durante a adolescência, no primeiro ano após o parto, durante a menopausa e após a menopausa;
· Pessoas que sofreram uma perda significativa, como por exemplo a perda de alguém próximo; perda de uma parte do seu corpo (como por exemplo: um membro)
· Portadores de doença crónica – tais como doença coronária, hipertensão, asma, diabetes, com história de tromboses, com artroses e outras doenças reumáticas, SIDA, fibromialgia, cancro e outras doenças;
· Pessoas que coabitam com um familiar portador de doença grave e crónica (por exemplo, cuidadores de doentes com Alzheimer, ou de doentes em fase terminal);
· Pessoas com tendência para ansiedade e pânico;
· Profissionais de actividades geradoras de stress (profissionais de saúde, empregados fabris, profissionais de educação); ou em circunstâncias de vida que causem stress, (ex.: litigio familiar, problema judicial)
· Dependentes de substâncias químicas (drogas) e álcool e seus familiares;
· Idosos (em especial os que não possuem suporte social)
· Pessoas que sentem incapacidade em lidar com determinadas situações ou em ultrapassar obstáculos,

Como se trata a depressão?

Se se sente na presença de sintomas depressivos deve dirigir-se sempre ao seu médico de família ou clínico geral: estes médicos podem reconhecer a presença da doença, e caso considerem necessário, podem contactar com um médico especialista em psiquiatria para esclarecimento do diagnóstico e para orientação terapêutica.
Não tome medicamentos sem receita médica. O médico prescreverá o medicamento a usar, a dose, a duração, a resposta esperável face ao tipo de pessoa, bem como a indicação para um tipo específico de psicoterapia.
Os medicamentos usados no tratamento das depressões são designados por antidepressivos. Os antidepressivos são a pedra basilar do tratamento das depressões moderadas e graves e das depressões crónicas, podendo ser úteis nas depressões ligeiras este medicamentos não criam habituação nem alteram a personalidade da pessoa No entanto, não têm efeito imediato, podendo demorar algumas semanas, de 4 a 6 s., até começar a sentir-se melhor. O tratamento dura no mínimo quatro a seis meses e deve seguir as indicações médicas.
Actualmente, com a evolução da ciência e da farmacologia, estes medicamentos são cada vez mais eficazes no controlo e tratamento da depressão, nomeadamente por interferência com a acção de neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina, no hipotálamo, a zona do cérebro responsável pelo humor (emoções).
Em algumas situações em que outras perturbações estão associadas à patologia depressiva, como por exemplo a ansiedade são associadas outras terapêuticas à prescrição,
As intervenções psicoterapêuticas são particularmente úteis nas situações ligeiras e reactivas às adversidades da vida, bem como em associação com medicamentos nas situações moderadas e graves. Uma psicoterapia de apoio é sempre positiva para o paciente deprimido

Comportamentos que ajudam a curar a depressão
Curar a depressão sozinho não é possível, mas há alguns comportamentos a pôr em prática para ajudar à cura:

Invista em si arranje-se prepare-se para se sentir bem;
Apanhe sol;
Ame-se, pois primeiro tem de gostar de si para depois gostar dos outros;
Respeite-se;
Aceite que a qualquer momento pode melhorar a sua vida mesmo quando não espera;
Procure uma psicoterapia de apoio;
Programe o seu dia previamente com as actividades que pretende desenvolver;
Não se feche em casa, procure desenvolver actividades ao ar livre como por exemplo caminhar, andar de bicicleta;
Para descansar melhor, levante-se e deite-se sempre à mesma hora;
Procure afastar os pensamentos negativos, pense em coisas boas que o fazem sorrir;
Ouça música, cante, pratique desporto;
Procure estar com amigos, conversar, passear;
Tome a medicação prescrita ( tenha em atenção que por vezes a medicação é necessária e deve ser tomada de acordo com as regras, pois interromper uma medicação para a depressão sem fazer o "desmame"- redução progressiva das doses recomendadas- pode dar origem a uma situação ainda mais grave).
Acredite em si e no seu potencial.

By Ana Filipa Silva- artigo publicado na revista Huniversal da CVP

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