Hiperactividade - PHDA
Hiperactividade - PHDA
“Quando se pensa em hiperatividade, provavelmente, ocorrem à memória imagens de crianças irrequietas, saltando, gritando e correndo de um lado para o outro sem descanso…”
Mas o que é a hiperatividade?
A hiperatividade ou Perturbação de Hiperatividade e déficit de atenção (PHDA De acordo com o DSM-V da Associação Americana de Psiquiatria caracteriza-se por um "padrão persistente de falta de atenção e/ou impulsividade - hiperatividade, com uma intensidade que é mais frequente e grave que o observado habitualmente nos sujeitos com um nível semelhante de desenvolvimento".. A American Psychiatric Association distingue três subtipos de PHDA de acordo com o predomínio dos sintomas da falta de atenção e da hiperatividade - impulsividade:
PHDA do Tipo Predominantemente Desatento
PHDA do Tipo Predominantemente Hiperativo - Impulsivo
PHDA do Tipo Misto.
Este último é o que é mais frequentemente diagnosticado e combina a hiperatividade com a impulsividade e a falta de atenção.
Esta perturbação do desenvolvimento é uma problemática que começa por criar dificuldades na aprendizagem e na adaptação do indivíduo ao meio nos seus primeiros anos de vida e que, na maioria dos casos se prolonga pela sua vida adulta. Na sua atividade diária os padrões comportamentais são acentuados pela atividade motora que é muitas vezes muito acentuada e inadequada ou excessiva. Na escola estas crianças têm muita dificuldade em permanecer no seu lugar, mexem-se baloiçam continuamente, e mantém normalmente um relacionamento difícil com os colegas intrometendo-se por vezes nas suas brincadeiras de forma impositiva o que causa a rejeição, ou o riso da turma em que estão inseridos. PHDA é uma perturbação do desenvolvimento que afeta o comportamento, a atenção e o autocontrolo. Uma criança com PHDA manifesta sinais de desenvolvimento inadequado, em relação à sua idade mental e cronológica, nos domínios da atenção, da impulsividade e da atividade motora.
São crianças que não prestam atenção e precipitam as respostas acabando muitas vezes por se tornarem o “bote expiatório” ou o “bobo” da turma. No entanto é importante salientar que estas atitudes não podem ser confundidas com má educação ou mau comportamento ocasional. Estes fatores, não podem ser considerados apenas uma condição do ser criança que se ultrapassa com o amadurecimento, tem uma base genética muito bem demonstrada que poderá ser influenciada por fatores ambientais e sociais e persistir pela vida adulta.
PHDA por vezes andam associados sintomas de depressão e de ansiedade.
Prevalência
Estima-se que de 3% a 5% das crianças em idade escolar sofrem de Défice de Atenção com Hiperatividade (APA, 1994) e que outros 5% a 10% apresentem sintomas de DDAH em menor número mas que continuam, mesmo assim, a perturbar o curso normal da aprendizagem e o sucesso educativo, sendo os rapazes 4 a 9 vezes mais afetados que as raparigas, 80 a 90% dos casos diagnosticados são de rapazes.
Os sintomas, em muitos casos, vão-se atenuando com a idade, estimando-se que os casos em que se continuam a manifestar pela vida adulta rondem os 30 % a 50%.
Sintomas
Falta de atenção:
• Dificuldade em manter a atenção ao executar determinadas atividades;
• Evitar tarefas que exijam esforço mental persistente;
• Fácil distração com estímulos irrelevantes;
• Falta de atenção a pormenores
• Errar por descuido nos trabalhos escolares;
• Perda de objetos necessários para as atividades a realizar.
Impulsividade:
• Mexer permanentemente os pés;
• Levantar-se em situações em que se deve estar sentado;
• Correr e saltar excessivamente em situações inapropriadas;
• Dificuldade em participar numa atividade de forma tranquila;
• Falar em excesso;
• Responder antes da pergunta ser concluída;
• Dificuldade em esperar;
• Dificuldade em refletir antes de agir.
Outros:
• Intolerância à frustração;
• Baixa autoestima;
• Dificuldades em cumprir normas e regras;
• Desmotivação;
• Oscilações no rendimento escolar;
• Pouca popularidade entre os colegas;
• Produção de sons e barulhos inadequados;
• Imprevisibilidade;
• Parece que não escutam quando se fala com elas diretamente;
• Lentidão a copiar informação;
• Dificuldade na adaptação às mudanças;
• Reações desproporcionadas em caso de provocação;
• Facilmente exploradas por outras crianças
Causas
As causas que conduzem à PHDA são muito variadas e, provavelmente, dependentes de fatores diversificados, sendo difícil, na maioria dos casos, determinar uma etiologia precisa. Tem uma base essencialmente neuropsicológica e os fatores genéticos conjugam-se com as experiências do indivíduo no seu meio ambiente, para moldar o seu comportamento e a forma como enfrenta e se integra na vida em sociedade.
Pensa-se que as características bioquímicas que influenciam o aparecimento de sintomas de PHDA, são transmitidas de pais para filhos, alguns estudos revelaram que 20% a 30% dos pais de crianças hiperativas manifestaram também comportamentos hiperativos durante a sua infância (Villar, 1998). Outros fatores decorrentes da gestação como de substancias psicoativas pela progenitora (uso de álcool e drogas durante a gravidez) ou complicações intrauterinas e péri-natais, como traumatismos crânio encefálicos e anoxia, são também considerados responsáveis por mudanças estruturais e funcionais do cérebro. Para além de provocarem perturbações específicas, estas disfunções cerebrais interferem no desenvolvimento global da criança (Vasquez, 1997).
A dieta alimentar de acordo com os estudos de Villar (1998), influência na DDAH (parece que alguns açúcares, corantes e conservantes têm alguma relação com as PHDA). O autor observou, que quando crianças com hiperatividade consumiam muito açúcar aumentava o seu nível de agitação, embora uma dieta sem açúcar não diminuísse os sintomas da hiperatividade
Quanto ás causas biológicas na origem das PHDA parece que haver dúvidas de que existe uma relação entre a capacidade de uma pessoa prestar atenção às coisas e o nível de atividade cerebral nos diferentes estudos de Villar (1998) detectaram-se áreas do cérebro menos ativas em pessoas portadoras de PHDAdo que em pessoas sem esta problemática, levando à suspeita de uma possível disfunção do lóbulo frontal e das estruturas diencéfalo-mesenfálicas.
Tratamento das crianças com PHDA deve-se inicialmente proceder a uma análise cuidada e criteriosa da situação dado que constituem um grupo heterogéneo. O conhecimento da situação particular de cada caso permitirá determinar a melhor forma de tratamento, variando as opções entre a administração de psicofármacos, as técnicas de modificação do comportamento, as técnicas cognitivas e metacognitivas ou uma aproximação multidisciplinar englobando as diferentes vertentes. A adequação dos programas escolares deverá ser uma vertente fundamental nas opções de tratamento, pois é na escola onde se manifestam mais os sintomas que impedem uma aprendizagem normal.
O tratamento neste tipo de patologia deve ser associado entre medidas de terapêutica medicamentosa e programas de tratamento comportamental que envolvam o sujeito portador de PHDA e os principais intervenientes da sua vida ( Pais e Estabelecimento de ensino). Quanto à terapêutica medicamentosa tem sido obtidos bons resultados com a administração de psicofármacos à base de metilfenidato e de dextroanfetamina dado que facilitam a produção regulada de dopamina e de noradrenalina, dois importantes transmissores cerebrais, ativando as partes do cérebro, aparentemente menos ativas.
O tratamento comportamental deve ter por base a atuação em três vertentes: o treino dos pais, o tratamento centrado na criança e a intervenção centrada na escola de modo a que possam ser implementadas medidas preventivas que permitam aos pais e educadores reduzir o impacto desta desordem na vida das crianças. A adopção de técnicas comportamentais deve permitir reduzir a frequência dos comportamentos inadequados e aumentar a frequência de comportamentos desejados.
No seio familiar a adaptação da criança em ambientes familiares bem estruturados e baseados em rotinas e regras claras, onde as expectativas dos adultos são consistentes e as consequências são estabelecidas com clareza e aplicadas de imediato revela obter melhores resultados.
A criança com PHDA nos ambientes onde se requer que ela preste atenção e que exiba um comportamento calmo e exemplar, os problemas tendem a agravar-se, assim, a compreensão que as pessoas significativas, sobretudo os adultos com quem a criança convive diariamente, tiverem da problemática da PHDA, determinarão a exibição mais ou menos expressiva dos sintomas de hiperatividade, de impulsividade e de desatenção.
A informação dos adultos cuidadores quanto aos aspectos da doença permite que estes sejam capazes de estruturar os ambientes de tal forma que o comportamento da criança se torne adequado e a criança sinta mais adaptada obtendo mais sucesso. Desta forma, em vez de se esperar que seja apenas a criança a modificar-se é o ambiente onde ela interage que se deve modificar e ajustar por mediação do adulto. Ao adulto compete, ainda, providenciar encorajamento para que os comportamentos adequados se repitam.
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